Phibro Animal Health
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DIFERENÇA ENTRE DIETAS PARCIAL OU TOTALMENTE ACIDIFICADAS NO PRÉ-PARTO DE VACAS LEITEIRAS

Definições

Introdução

Por muitos anos, as expectativas de alta produção de leite com ótima saúde do rebanho e bom desempenho reprodutivo, foram consideradas questões opostas entre si. Acreditava-se que não se devia e nem era possível alcançar uma alta produção de leite sem comprometer a saúde do rebanho e o desempenho reprodutivo. No entanto, com o aumento do nosso conhecimento sobre os desafios metabólicos e fisiológicos que as vacas enfrentam no período de transição, juntamente com uma maior compreensão da importância da alimentação e manejo adequados, temos hoje estratégias que ajudam as vacas a atender as nossas expectativas de alta produção de leite, acompanhadas da saúde do rebanho e do bom desempenho reprodutivo. Essas três expectativas são possíveis e devem ser consideradas metas previstas.

Um dos desafios mais significativos que impede atingir esses objetivos é a hipocalcemia (baixas concentrações de cálcio no sangue). Como a necessidade de cálcio para a síntese do colostro e do leite é alta, e o período de transição da fase seca para a fase de alta produção de leite é curto, a vaca pode ter um período transitório de hipocalcemia.

A hipocalcemia pode ser classificada em clínica (apresenta sintomas visíveis) ou subclínica (não apresenta sintomas visíveis), dependendo do nível de cálcio disponível para o animal. A hipocalcemia na forma subclínica afeta em torno de 50% das vacas, acarretando vários danos à produção e reprodução, além de ser uma porta de entrada para outras doenças, como a metrite, por exemplo.

Hoje sabemos que existem diferentes estratégias disponíveis para ajudar a reduzir os impactos da hipocalcemia na saúde e produtividade das vacas, sendo o uso de dietas acidogênicas no período pré-parto, a estratégia mais utilizada e mais eficiente.

Este artigo busca revisar os principais efeitos de uma dieta acidogênica (também conhecida como aniônica) e como esses efeitos alteram positivamente o metabolismo do cálcio das vacas leiteiras em período de transição para atender às demandas elevadas de cálcio no início da lactação. Essa estratégia de alimentação no pré-parto permite que a vaca expresse seu potencial genético completo para a produção de leite, saúde e desempenho reprodutivo.

Sintomas

Dietas acidogênicas alteram o metabolismo do cálcio

A dieta acidogênica é suplementada com cloretos e sulfatos com o objetivo de reduzir a diferença cátion-aniônica da dieta (DCAD). Quando uma dieta com DCAD negativo é oferecida, existe uma predominância entre os íons de cloro e enxofre com carga negativa em comparação com os íons de sódio e potássio com carga positiva e, assim, uma maior quantidade de íons carregados negativamente é absorvida do trato digestório para o sangue. Dessa maneira, ocorre o aumento da concentração de H no sangue, o que reduz levemente o pH deste, resultando na chamada acidose metabólica compensada. Na tentativa de manter o pH sanguíneo em uma faixa segura, o excesso de H presente no sangue é excretado pelos rins através da urina, causando a redução do pH de urina. É importante notar que a acidose metabólica promovida por uma dieta com DCAD negativo não causa acidose ruminal.

No momento do parto, ocorre a diminuição das concentrações séricas de cálcio devido à alta demanda de cálcio para síntese de colostro e de leite. Essa baixa concentração sérica de cálcio estimula a secreção do hormônio da paratireoide (PTH), o que aumenta a liberação de cálcio dos ossos (reabsorção óssea) e a ativação da vitamina D nos rins, a qual, por sua vez, melhora a absorção de cálcio no trato digestório. Ao fornecer uma dieta com DCAD negativo e reduzir ligeiramente o pH do sangue, melhoramos a resposta dos tecidos-alvo ao PTH, aumentando a reabsorção óssea e a absorção intestinal de cálcio.

Quando o pH da urina é reduzido em resposta à redução do pH de sangue, a excreção de cálcio pela urina aumenta, podendo aumentar o fluxo de cálcio, que é o movimento do cálcio para dentro e para fora do sangue da vaca. Dessa maneira, quando o pH da urina é reduzido e a excreção urinária de cálcio aumenta, mais cálcio sai e entra no sangue da vaca, melhorando, assim, o status do cálcio. Quando uma dieta acidogênica é oferecida, o cálcio excretado na urina torna-se imediatamente disponível para atender ao súbito aumento da demanda de cálcio quando inicia a produção de colostro e leite, ajudando a superar o déficit de cálcio em vacas pós-parto.

Causa e efeito

Dietas pré-parto parcialmente acidificadas versus dietas totalmente acidificadas

Uma dieta parcialmente acidificada é uma dieta acidogênica que reduz o pH da urina entre 6,1 e 7,0. Normalmente, essas dietas contêm um DCAD de 0 a -10 miliequivalentes (mEq) por 100 gramas de matéria seca (MS). Essa estratégia de alimentação é eficaz na redução da hipocalcemia clínica e pode diminuir ligeiramente a prevalência de hipocalcemia subclínica. Embora a resposta ao PTH provavelmente melhore, o fluxo de cálcio não aumenta muito, devido à redução relativamente pequena do pH da urina. No entanto, a ingestão e produção de leite de vacas pós-parto podem melhorar com uma dieta pré-parto parcialmente acidificada, em comparação com uma dieta não acidogênica.

Uma dieta totalmente acidificada é uma dieta acidogênica que mantém o pH da urina entre 5,5 e 6,0, frequentemente utilizando dietas com um DCAD de -10 a -15 mEq por 100 gramas de MS. Essas dietas reduzem significativamente a prevalência de hipocalcemia clínica e subclínica ao melhorar a resposta ao PTH e ao aumentar drasticamente o fluxo de cálcio, devido às significativas reduções do pH da urina. Uma dieta pré-parto totalmente acidificada fornece os maiores benefícios para o desempenho de vacas pós-parto, com maior ingestão e maior produção de leite de vacas pós-parto em comparação com vacas alimentadas com dietas não acidogênicas e dietas parcialmente acidificadas.

Na maioria das vezes, a adoção de uma dieta parcialmente acidificada dá-se devido à reconhecida baixa palatabilidade que os sais aniônicos possuem, podendo causar baixo consumo ou grande variação na ingestão de MS do pré-parto. Para isso, devemos escolher sais aniônicos de boa qualidade que possam amenizar esse efeito da baixa palatabilidade.

Um outro ponto importante observado ao utilizar uma dieta parcialmente acidificada, é que ocorrem grandes variações de pH na urina entre os animais. Algumas vacas terão valores de pH na urina próximos a 8, mas, por outro lado, algumas vacas podem ter valores próximos a 6,0. Dessa maneira, podemos até ter uma boa média, no entanto, poucas vacas estão sendo beneficiadas com o tratamento.

Diversos estudos têm mostrado os benefícios da acidificação total em relação à acidificação parcial da dieta, como podemos ver na figura abaixo, a qual mostra que animais no pré-parto que tiveram pH de urina menor (6.1) tiveram maior produção de leite, comparada com vacas que tiveram pH de urina maior (7.1).

Soluções

Conclusão

Em resumo, para atender às elevadas demandas de cálcio do colostro e do leite no início da lactação, a oferta de uma dieta acidogênica altera positivamente o metabolismo do cálcio em vacas leiteiras no período de transição. Além disso, o uso de dietas pré-parto totalmente acidificada fornece os maiores benefícios para o desempenho de vacas pós-parto, é seguro, sem impactos negativos nos perfis metabólicos de vacas pós-parto e sem efeitos negativos no status ácido-base do bezerro ou na saúde geral.

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